Existem cerca de 350 mil espécies de
flores e a maioria delas não causa nenhum mal ao homem e aos animais. No
entanto, há exceções e as aparências podem enganar. Algumas belas e
deslumbrantes florzinhas podem guardar um lado negro, que intoxica e até
mata quem mexer com elas. Confira abaixo quais são essas flores lindas,
mas terrivelmente tóxicas e até fatais.
1 – Kalmia latifolia
A
Kalmia latifolia,
mais comumente conhecida como Louro-da-Montanha, produz delicadas
flores brancas e rosadas no final da primavera, sendo nativa dos Estados
Unidos. Ela é belíssima, mas por baixo daquele exterior delicado bate o
coração de um assassino.
As duas principais toxinas nessa flor
são a andromedotoxina e o arbutin, mas a primeira é que é realmente
preocupante. A andromedotoxina causa simultaneamente um efeito em que o
coração bate perigosamente rápido e também muito devagar. O resultado é
um ataque cardíaco, mas apenas se consumida em grande quantidade.
Em
doses menores, a toxicidade da flor causa respiração irregular,
salivação abundante, perda da coordenação motora, vômitos, diarreia,
fraqueza e convulsões.
O pior de tudo é que você não tem que comer as flores para passar por isso, pois o mel de abelhas que visitaram a
Kalmia latifolia
contém todas as propriedades tóxicas da própria flor. Os gregos já
chamavam esse produto de "mel furioso" e eles usaram para derrotar
Xenofonte de Atenas por volta de 400 a.C.
2 – Jacobaea vulgaris
A
Jacobaea vulgaris,
também conhecida como Senecio ou Tasneirinha, é uma planta importante
para o ecossistema em que floresce. Muitos insetos obtêm alimento a
partir dela. Por causa disso, a presença das flores é interessante para
as sociedades de conservação.
Isso é uma boa notícia para os
insetos, mas uma má notícia para todas as outras espécies. A Organização
Mundial de Saúde confirmou a presença de pelo menos oito alcaloides
tóxicos em nessa planta. O problema é que, ao contrário da maioria
venenos, que rapidamente deixam o sistema, os alcaloides da
Jacobaea se acumulam no fígado com o tempo.
Dessa
forma, as toxinas acumuladas resultam em cirrose. No entanto, a
toxicidade vai piorando o quadro do fígado de forma silenciosa e, quando
a pessoa começa a sentir os sintomas, já é tarde demais. Infelizmente,
essas toxinas também afetam o mel produzido pelas abelhas que visitaram
as flores dessa espécie, bem como o leite de cabras que comem essa flor.
3 – Veratrum
O
Veratrum
é comumente cultivado para fins ornamentais. No entanto, a beleza dessa
flor para por aí, pois cada pedaço da planta é letalmente tóxico. Os
primeiros sintomas de envenenamento por
Veratrum são violentas dores de estômago, que normalmente se iniciam cerca de 30 minutos após a ingestão.
Como
as toxinas caem na corrente sanguínea, elas fazem um caminho mais curto
para os canais de íons de sódio, que agem como portões que permitem que
o sódio flua através dos nervos, provocando uma reação. Isso causa
convulsões e batimentos acelerados e lentos no coração, podendo causar
um ataque cardíaco ou estado de coma. Acredita-se que este foi o veneno
que matou Alexandre, o Grande.
4 – Cerbera odollam
Entre os indianos, a
Cerbera odollam
é conhecida como “árvore do suicídio”, pois suas flores e sementes são
altamente tóxicas. Ela pode ser uma arma letal nas mãos erradas. Em um
período de 10 anos, pelo menos 500 mortes foram confirmadas na Índia
tendo como causa a ingestão da
Cerbera, que mata pelo efeito de um glicosídeo potente chamado cerberin.
O
cerberin começa a fazer efeito em uma hora e os sintomas podem ser
nomeados como sendo de uma “morte gentil”. Depois de uma leve dor de
estômago, a pessoa logo entra em coma e seu coração para de bater. Todo o
processo pode ocorrer em cerca de três horas.
Ela é considerada a
arma do crime perfeito, pois o componente químico fica indetectável
após o envenenamento. Uma equipe de pesquisadores na Índia acredita que
até o dobro de pessoas (do número citado acima) possam ter morrido com
essa intoxicação, em casos de homicídio, mas que se acreditava ser morte
súbita.
5 – Sanguinaria canadensis
Vulgarmente conhecida como raiz de sangue, a
Sanguinaria
cresce no leste da América do Norte. Os nativos americanos costumavam
utilizá-la como um corante ornamental, mas ela também era usada para
induzir abortos. Uma quantidade maior pode levar as pessoas ao coma.
Recentemente,
passaram a usá-la indiscriminadamente como um remédio caseiro para o
câncer de pele, mas, obviamente, os resultados foram terríveis. A raiz
de sangue contém uma substância química chamada sanguarine, a qual, além
de ser uma toxina perigosa, é uma substância escarótica.
Os
escaróticos matam o tecido e o desfazem como uma gelatina, deixando para
trás uma cicatriz preta chamada escara. Em outras palavras, colocar um
unguento com essas flores em sua pele faz com que as células da epiderme
literalmente se matem. A mesma coisa acontece internamente.
O
componente interrompe uma enzima que faz o trabalho importante de
bombeamento de sódio para fora das células e de potássio para dentro.
Quando isso não acontece, todas as funções do corpo param. E o resultado
você pode imaginar qual é.
6 – Adenium obesum
Originária da África, a
Adenium obesum
tem sido usada há séculos como um veneno de lanças e flechas. A “rosa
do deserto”, como a preparação tóxica é chamada, é feita pela fervura da
planta por 12 horas até retirar todo o extrato e deixar o líquido
evaporar.
A viscosidade resultante é um veneno altamente
concentrado. Ele é tão tóxico que um animal, ao ser atingido por uma
flecha envenenada, mal consegue fugir por uma distância de dois
quilômetros. Dessa forma, os caçadores conseguem alcança-los facilmente
enquanto os bichos agonizam.
Para você ter uma ideia, esta planta
tem sido usada por tribos toda África para matar animais de grande porte
como os elefantes. A planta contém uma substância química chamada
ouabaína, que provoca insuficiência respiratória quase imediata em doses
elevadas. Se ela já é capaz de derrubar animais tão grandes, imagina o
que faz com humanos?
7 – Oenanthe crocata
Em
2002, oito turistas em Argyll, na Escócia, decidiram se alimentar com
algumas raízes de um córrego próximo ao local em que estavam visitando.
Após colher as plantas, eles voltaram para a casa em que estavam
hospedados e adicionaram a quantia em um preparo de um prato de curry.
No
dia seguinte, quatro foram parar no hospital. O que eles pensavam ser
pastinacas (um legume bastante consumido nas regiões britânicas) era
realmente a
Oenanthe crocata. O consumo dessa planta tem taxa
de mortalidade de até 70%. Então, o pequeno grupo de turistas teve até
sorte, pois nenhum deles morreu.
Além de ser letal, dependendo da
dose, essa planta tem uma propriedade tóxica bastante interessante. O
composto assassino, chamado de oenanthotoxina (OETX), relaxa os músculos
ao redor dos lábios e força a pessoa intoxicada a sorrir, mesmo quando
ela está no meio de convulsões fatais.
De acordo com os registros
históricos, a planta era usada na Grécia desde o século VIII a.C.,
quando Homero cunhou o termo "sorriso irônico" para descrever o sorriso
macabro adornando os rostos das vítimas desse veneno.